todos felizes (embora p/b)

Não sou “dessas” de escrever. Poucas vezes fiz textão na minha vida, e nem mesmo com o nascimento da minha filha consegui achar as palavras certas para resumir a maior e mais forte emoção que já senti na minha vida. Invejo pessoas boas com palavras, tanto oralmente - numa palestra envolvente - como em redes sociais, num mundo onde todo mundo quer holofotes.

Mas, motivada por essa matéria aqui e provocada por um amigo designer, resolvi relatar como é o processo dentro do Sweety & Co. Ah, antes de mais nada, deixe eu me apresentar. Me chamo Isabela Rodrigues, sou sócia-fundadora-designer-diretora criativa e tudo mais o que o “dono/a” assume dentro do seu escritório, desde psicóloga até melhor amiga.

O SWT - como eu chamo carinhosamente e que, hoje, assumiu mais sua sigla do que seu próprio nome - surgiu há 6 anos, num momento no qual eu não conseguia mais atender à demanda de trabalho apenas como freelancer. Mais que pela minha vontade, nasceu pela necessidade de ter mais pessoas para me ajudar.

Eu adorava trabalhar em casa, de pantufas, com meu cachorro e meu marido.

Como freelancer, dormia até mais tarde, acordava e trabalhava noite adentro (meu horário preferido para trabalhar). O ciclo que vivi por um ano foi inacreditável e revigorante. Eu vinha de 10 anos de carteira assinada trabalhando das 10h às 19h como um robô. E ninguém quer ser robô. Muito menos numa área criativa.

Então, começaram a chegar muitos clientes falando inglês, francês, espanhol...um atrás do outro. Eu estava quase pirando: atendia, criava, fazia contratos e emitia notas fiscais. Não dava mais, estava infeliz de novo. Assim, o Sweety & Co. surgia.

Primeiramente ele surgiu como Isabela Rodrigues – Sweety Branding Studio. Meu sonho, o qual consigo manter até hoje, era de ter controle de tudo que acontecia dentro dele e ter pessoas felizes ao meu lado. Nada de trabalhar até tarde, virar noite, comer pizza. Acredito que o prazer e a felicidade refletem diretamente no resultado que temos. Gostaria também que as pessoas que trabalhassem comigo se sentissem exatamente como eu me sentia trabalhando de casa. E o próximo passo era elencar os motivos pelos quais eu me sentia tão bem nessa época home office.

E resumindo muito, mas muito mesmo, cheguei a seis pontos principais:

1. Eu estava com pessoas que amava, gostava e me sentia em casa (óbvio, eu estava em casa, né?)
2. Eu não tinha que ligar o despertador para acordar, meu corpo dizia que já estava descansado para o próximo dia.
3. Eu fazia meu almoço.
4. Eu não precisava pedir para meu chefe para sair mais cedo ou chegar mais tarde para resolver questões pessoais.
5. Eu vivia a semana e não esperava o final de semana para ser feliz.
6. Quando eu ligava o computador para trabalhar, eu já estava completamente acordada, não ficava enrolando até meu corpo e mente pegarem no tranco.

Daí, a partir desse sexto item, me deu um estalo (e desculpem meus chefes até então): eu sentia que as pessoas enrolavam muito pela manhã, inclusive eu. Chegava na agência às 10h ou 10h30, lia e-mails, tomava café, lia notícias, entrava no Facebook (que não era tão popularizado e polarizado na época, imagine hoje em dia) e assim perdia toda a manhã. Esperava chegar até o horário do almoço para sair e voltar 100% para começar a trabalhar. Duas horas jogadas fora.

Analisando tudo isso, me dei conta que era tão ou mais eficiente trabalhando apenas à tarde e que essas duas horas que eu “matava” me faziam falta para ser feliz.

A partir de todo esse retrospecto, formatei um modelo para aplicar no Sweety & Co.: iríamos trabalhar 6 horas. Das 13h às 19h. E o resultado foi muito positivo: nunca atrasamos nenhuma entrega e pouquíssimas vezes tivemos que trabalhar além das 19h.

Sempre que temos um cliente novo, avisamos sobre nossa forma de trabalho; portanto, reuniões, calls ou simplesmente um e-mail já são agendados e esperados pelo turno da tarde. Sem drama, tudo previamente acordado.

O que nos ajuda também, obviamente, é trabalhar com clientes de fora do país, que já tem um fuso horário completamente diferente do nosso e não importa para eles quando estamos trabalhando, e sim quando faremos as entregas.

Com os clientes aqui no Brasil, nunca tivemos nenhum tipo de aversão ou nariz torto. Por incrível que pareça, os clientes nos admiram.

E admiração é um passo para a revolução. 

Você passa a ter mais apoiadores e cada vez menos pessoas acham que você é um lunático ou apenas uma pessoa naïf.

Quanto à minha equipe, eles usufruem destas duas horas da forma que quiserem. Uns estudam, outros utilizam o tempo para fazer freela e projetos pessoais, e outros, simplesmente não fazem nada. Tem funcionado. Os vejo felizes, descansados e estimulados. Time feliz, estúdio saudável.


Minha posição sempre foi contrária a empresas que exploram funcionários dando em troca um prêmio ou um cliente novo numa prospecção. Nenhum funcionário está interessado nisso: prêmio é legal pra a agência ou estúdio, mas principalmente serve para usar como tagline na assinatura de email do atendimento. Empresas que trabalham nesse ritmo estão precisando diminuir projetos ou aumentar equipe.

É legal ver essa transformação acontecendo através da postura de chefes e/ou pessoas com cargos superiores, que é de onde ela tem que partir para que esse processo funcione. E é mais legal ainda saber que somos admirados pela forma “revolucionária” de trabalhar, que surgiu de uma pessoa que só queria dormir até mais tarde.

Com carinho,
Isabela Rodrigues